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letra de difícil escolha - barrako 27

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era um rapaz de sonho
sonhava em ser mc
mas o seu primeiro sonho
foi poder entrar aqui

no meu mundo, conhecer-me
tirar duvidas, conselhos
humildemente, escutava e
respeitava os mais velhos

falei-lhe sobre a caminhada
e o quanto dura era
perguntei-lhe o que procurava
queria uma resposta sincera

contou-me a historia
da miséria do meio familiar
que o levava á loucura
tinha medo de vacilar

desde que o pai faleceu
a mãe perdeu o sorriso
tinha um irmão mais velho
um ressacado sem juízo

a rotina era o bairro
a escola nada lhe ensinava
toda a sua geração
já bebia já se drogava

ele fugia
porque preferia andar sozinho
o caderno e a caneta
eram o seu melhor amigo

sentia que a escrita
o ajudava a suportar bem
o medo de não poder
um dia a vir a ser alguém

inteligentemente
falava das incertezas do futuro
sem profissão, dizia ter
á frente um muro

adorava os animais
as crianças e idosos
tinha um coraçao de ouro
e detestava os vaidosos

eu escutava, admirava
este puto com potencial
era humano, era raro
era especial

as palavras eram firmes
como quem sabe o que quer
se viesse a ser mc
não seria um mc qualquer

refrão:
nem todos são infectados
nem vivem na mentira
só mesmo os apaixonados
conseguem sentir a ira
criadores abandonados
neste barco a deriva
os puros apunhalados
não capta a objectiva

gravou o 1º tema
e deu-se a conhecer
a primeira vez que pisa
um palco, faz-lo estremecer

depressa sentiu o peso
e a responsabilidade
que as palavras tinham
na verdade ( agora é serio )

vieram os concertos, entrevistas
flash´s e autógrafos
a sua at-tude eram
os trunfos ( era um ás )

era humilde e verdadeiro
foi a luta pela sorte
ele sabia que este hip hop
estava ás portas da morte

sentiu a mudança
ao poder abraçar a musica
sentiu mais a química
do que a parte física

era solidário, dava o
dedo, dava o braço
pelas causas em troca
de um simples abraço

p-ssaram anos e o seu
nome cada vez mais forte
nunca deixou que a fama
excessiva o conden-sse á morte

era altruísta, ajudava
tinha um grande espirito
se chegou onde chegou
foi com todo o mérito

nas visitas regulares
que me fazia, desabafava
triste com as at-tudes
dos famosos que idolatrava

sentiu a hipocrisia
de que eu tanto falava
era brilho de ouro falso
da cultura mal amada

amava o que fazia
e recusou-se a continuar
porque viver na mentira
podia-se revoltar

virou as costas e jurou
por este hip hop não choro mais
com o dinheiro que ganhou
dedicou-se ao animais

refrão:
nem todos são infectados
nem vivem na mentira
só mesmo os apaixonados
conseguem sentir a ira
criadores abandonados
neste barco a deriva
os puros apunhalados
não capta a objectiva

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