letra de palmares - as margens
[verso 1]
resistência palmarina, serra da barriga
morro do macaco, zumbi, vive ainda
inspira poesia da luta pan africana
dandara representa quem guerria e quem ama
a história ainda é um trama abafada por portugal
não vão contar as nossas glórias, eu canto no instrumental
racista aqui p-ssa mal, honre a essência, minha gente
país da miscigenação, do rap ao repente
de repente tudo muda, não tolero as piadinhas
na faculdade, no trampo, tá cheio de racistas
a mídia e a sociedade branca encobrem o bang bang
fingem lutar contra o racismo com as mãos sujas de sangue
só vamos avante, quando unificarmos
todos os corações que de mãe áfrica foram arrancados
esquecer esse papado e o cristianismo
deixar que os orixás guiem nossos destinos
ensinar para o menino e a menina negra
a importância da raiz e toda nossa beleza
e eu tenho certeza que nós somos espelhos
empunhem seus turbantes, -ssumam os seus cabelos
povo pobre do gueto, exija os seus direitos
viver é um deles, não ao extermínio do povo negro
dizem que somos suspeitos, suspendem a investigação
solucionam esse caso que nos condena a escravidão
reparação história se faz com educação
levante-se nação, povo quilombola
o prato princ-p-l é nosso, chega de esmola
queremos escolas de qualidade pra estudar
também queremos o fim da polícia militar
paz nas comunidades, fartura no nosso lar
[refrão]
coloque na cabeça, não sou filho de escravo
descendo de n-bres reis que foram escravizados
com coroas naturais arrancados da nossa terra
europeu escravagista que a tv venera
coloque na cabeça, não sou filho de escravo
descendo de n-bres reis que foram escravizados
com coroas naturais arrancados da nossa terra
europeu escravagista que a tv venera
[verso 2]
nariz grosso, boca carnuda, pele escura
que a maior alegria é ver na mesa fartura
trança, dread, sarará, já é o bastante
pra atrair a atenção de olhares intrigantes
não se aproprie da cultura negra
se não tiver disposto a morrer por um negro
aqui precisa ter respeito, tá na cultura errada, sujeito
tem que fazer direito, o seu vacilo eu rejeito
se ver uma injustiça ainda se cala com medo
mas sempre vive apontando o seu dedo
isabel é heroína por uma carta -ssinada
enquanto mulheres negras eram chacinadas
libertados sem trabalho, sem casa e educação
invadir morro, se fez favela, foi a solução
sem alimentação, tudo é desvantagem
todo negro que nasce é uma pantera que nasce
sente na pele todo peso ancestral
representado agora no boom bap nacional
zumbi morreu, eles tentam manchar sua conduta
enfraquecer os heróis faz enfraquecer a luta
palmares resistiu até depois da sua partida
mostrando que nossa guerra há muito tempo já foi vencida
obtivemos êxito, largados a sorte
unidos venceremos, nós somos mais fortes
torturados, do chicote a máscara de ferro
64 pau de arara ou morto com um berro
escravos das leis nocivas que atravessam décadas
favela, pobre e preto, oprimidos por cédulas
por mero prazer, a escravidão é um privilégio
que o burguês não quer perder
sofrendo perseguição, humilhação
o rap não se cala porque é a contenção
[refrão]
coloque na cabeça, não sou filho de escravo
descendo de n-bres reis que foram escravizados
com coroas naturais arrancados da nossa terra
europeu escravagista que a tv venera
coloque na cabeça, não sou filho de escravo
descendo de n-bres reis que foram escravizados
com coroas naturais arrancados da nossa terra
europeu escravagista que a tv venera
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