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letra de triticum - enigmacru

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[verso 1]
não quero dividir estas partículas de oxigénio contigo!
mesmo parecendo infinitas são menos enquanto ‘tás vivo
somos tão diferentes
que nem nisso eu quero que sejamos parecidos

e foi -ssim que comecei a não conseguir dormir
o sono ‘tava-me a roubar o tempo todo
e além disso os pesadelos levam-me a sítios onde não quero ir!

trepei co’s os pés ensopados as pedras
e estranhamente esmaguei-as
quando escorreguei nelas transformaram-se em cabeças
mas eu tinha que ir!
desfiguraram-se antes de eu as distinguir
agarraram-me antes de eu conseguir sair dali

foram elas que me acordaram sem que adormecesse…
p’a suportá-las só com o candeeiro e um cigarro aceso
até que aquela sensação desaparecesse
suportei-a de todas as vezes
mas nesta quanto mais ar tu respiras mais se propaga!

peguei na garrafa da mesa, bebi a água
eu engoli tal como as coisas que ouvi que não se apagaram
arderam como os cigarros
que rapidamente acabaram nos meus dedos
tão quentes que os acendia com eles

tremi até ficar de braços presos ao pensamento
senti os lábios rubros a queimar como gelo
tão frios que me rasgaram a língua ao tentar dizê-lo
e foi -ssim que comecei a não conseguir dormir

sangras-te com a chave ao enterrar-se na órbita
sangrei com a chave ao enterrar-se na porta
arranquei-te os ossos ao puxá-la de volta
arranquei a madeira ao puxá-la de volta
reguei-te, c’um nó em cada rótula
entornei, a água caiu da cómoda
acendi as cordas, acordei com o fumo
acendi o isqueiro e acordei com o fumo

depois saí pelos furos da persiana
(confuso)
quando procuro o ponto zero dos murmúrios
alguns começam algures no meu cérebro
repetem-se constantemente em eco
falo sozinho quando as vozes batem no teto!
como se ‘tá tão perto?
meço a distância entre o meu corpo e o cubo
para saber se tu és em concreto quem julgo
se és quem eu culpo ou um distúrbio…
mas os teus cigarros queimaram-me tudo
e os teus gritos explicam porque não durmo
e os dedos partidos, vasos, tecidos rompidos no punho
até que ponto me cruzo
com a dimensão dos meus sonhos quando acordado?
tenho questionado o meu estado como se ‘tivesse só num
depois de ter estado em vários percebi
que todos tinham algo em comum…

“doutor humberto já não sinto os efeitos do dormic-m
hoje o mais certo é que quebre o jejum com tritic-m.”
mandei um nem demorou um seg…

os baldes oscilavam ao ritmo dos meus p-ssos
a chuva caía, tornava-os mais pesados
o suor escorria, escorregava-me pelos braços
vertendo terra enquanto tentava equilibra-los
c’os sapatos enterrados em pequenos lagos!
dificultavam-me o trajecto do jardim ao terraço
já deves caber no buraco se te cortar aos pedaços
só que o meu medo ocupa mais espaço
voltei a nado pelos lagos que eu tinha formado c’os meus p-ssos
deformados pela água que os tapava à medida que eu me enterrava ao procurá-lo um pouco mais abaixo
ao encontrá-lo apercebi-me do meu cansaço
o chão tornou-se demasiado viscoso para ser calcado!
a hipótese de ficar preso por momentos tornou-se num facto!
até que fui puxado

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