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letra de filhos da noite - colectivo beatologia

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filhos da noite, filhos da noite
apagam-se as luzes, acende-se a mente
filhos da noite, filhos da noite
apagam-se as luzes, acende-se a mente

[bridge]
listen to them, children of the night, what music they make…

[ruca]
agrada-me a madrugada, inquieta-me a quietude
na solitude, o milagre da vida aqui é tudo
num buraco negro absorvo a luz, é perceptível a olho nu
que a lua tem em mim um poder incrível

vírgula em baixo ainda assim apóstrofo
o pássaro que encoraja a voar no estreito de bósforo
na hora em que os vultos se juntam á volta do poço
talham-me a alma a força faz de mim colosso

sem nada no bolso só agora é que eu percebo que
não posso dormir demais senão passo a acordar cedo
a minha biografia num livro é desassossego
há pessoas que eu não quero ver no meu enterro

no desespero vejo a luz, vi a cara do desprezo
olhos nos olhos pra quem não vale a pena o preço
deus dá-me estalos quando penso que não mereço
mas quanto menos quero mais eu enriqueço

é na noite que repouso,o meu corpo descansa
sonho assim que acordo assim a morte não me alcança
ponta de lança, jardel de olhos fechados
jardel de pés atados porque a noite faz estragos

eliminou inimigos, ilumino abrigos
lamino os sentidos a caneta é de alumínio
meu unico utensílio é a fé que potêncio
antes do dia anúncio porque aceito o meu desígnio

[evolute]
filhos da noite, filhos da noite
apagam-se as luzes, acende-se a mente
filhos da noite, filhos da noite
apagam-se as luzes, acende-se a mente

[bridge]
listen to them, children of the night, what music they make…

[lógico]
sou noctívago criativo
preciso de criar, como de oxigénio para me manter vivo
então mergulho lentamente e conscientemente
nos mares obscuros do profundo pensamento que assusta toda a gente
o céu que vemos passa a ser memória
aceito que já morri e a vida revela a sua história
efémera e eterna em simultâneo
continuo a descer até me implodir o crânio

aí acordo na minha cama todo suado, às três da manhã
a ressacar por poesia o beat é o meu talismã
concentrado como um shamã, sou poético-dependente
é uma doença rara, eu sempre achei que era diferente
pego na caneta e recito o meu mantra
quando escrevo a esta hora é a caneta que sangra
os dedos calejados, de anos de escrita
as veias no pescoço são o karma de quem recita…

sou obcecado com a música
tanto que às vezes acho que sou louco
mas é quando não crio, que me sinto deprimido
sozinho perdido na vida cego surdo e mouco
como a sara connor presa à cama no hospício
falo de uma realidade da qual não há vestígio
e toda a gente me julga pois só acreditam na matéria
é por isso que o crescimento espiritual desta gente é uma miséria

- colectivo beatologia

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